O oligopólio das editoras de periódicos científicos e a pressão por publicações dos cientistas
maio 13, 2016

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A história dos periódicos científicos é marcada pela consolidação do oligopólio de seis grandes editoras comerciais, principalmente após os anos 90. Essa é a conclusão de uma pesquisa canadense publicada na revista Plos One em junho de 2015.

O estudo é baseado na análise de 45 milhões de documentos indexados na plataforma Web of Science entre 1973 e 2013. Os autores observam o crescimento de seis editoras comerciais: Elsevier, Blackwell, Springer, Taylor & Francis, American Chemical Society e Sage, que se fundiram com editoras menores. Atualmente esse grupo concentra 70% da produção em ciências naturais e médicas e ciências sociais aplicadas indexadas na Web of Science.  Por exemplo, em 1995 a concentração dos artigos de ciências sociais nessas editoras era de 15%, mas em 2013 passou para 66% das publicações.

Uma das exceções é a Física, com menor concentração de editoras comerciais. O motivo é a força das sociedades científicas da área que promovem a cultura de publicação em pre-print de acesso aberto.

As humanidades e artes também têm apenas 20% de artigos concentrados no grupo de editoras comerciais. Isso porque nessas áreas é comum publicar em livros ou em periódicos locais, pouco internacionalizados. Segundo o estudo, não é lucrativo para as grandes editoras explorar essas áreas.

O problema desse oligopólio de editoras comerciais é que a comunidade científica fica dependente do sistema. Nesse ambiente, os pesquisadores são pressionados a publicar em revistas de alto impacto, o que pode interferir até em seus objetos de pesquisa. Outro problema é o lucro abusivo dessas editoras. Elas diminuíram gastos com impressão e distribuição a partir da publicação digital, mas ainda cobram pela submissão de artigos, que são os produtos vendidos mundialmente por meio de assinaturas. Para se ter uma ideia, as bibliotecas acadêmicas são responsáveis por até 75% das receitas dessas editoras.

Os autores do estudo afirmam que cabe à comunidade científica quebrar esse oligopólio. Já há movimentos nesse sentido, como a “Primavera Acadêmica”, em que bibliotecas de universidades como a da Califórnia e Harvard ameaçaram boicotar grandes editoras que tenham fins lucrativos, para minimizar esse controle no meio científico e política de preços agressiva.

Se interessou pelo tema? Leia o artigo “The Oligopoly of Academic Publishers in the Digital Era” no site da revista Plos One. Ah, e se quiser saber mais sobre a história dos periódicos científicos, ouça o nosso “Arquivo da Ciência” do programa 10.

Kátia Kishi para o “Arquivo da Ciência”.

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