Livro “Urbanização e Desastres Naturais”, de Lucí Hidalgo Nunes
abr 17, 2016

Compartilhar

Assine o Oxigênio

 

Os desastres naturais sempre existiram na Terra. As mitologias de povos antigos entendiam esses fenômenos como castigo dos deuses. Na América do Sul, por exemplo, os tupi-guarani acreditavam que Tupã era o deus da meteorologia que se manifestava na forma de trovão. Os incas atribuíam os tremores de terra à raiva de Pachacamac, além de tantas outras histórias. Assim, relata a geógrafa Lucí Hidalgo Nunes no livro Urbanização e Desastres Naturais – Abrangência América do Sul, lançado em 2015. Ela aponta o quanto as catástrofes naturais perseguem o planeta, e afirma que cabe à humanidade melhorar sua capacidade de lidar com esses eventos. Alguns podem ser evitados ou ter efeitos mais brandos prejuízos menores minimizados com gestão adequada gestão.

O livro é um levantamento sobre os desastres naturais que ocorreram na América do Sul entre 1960 até 2009. A autora observa quais são as influências e consequências para as regiões urbanas, que tem grande concentração de pessoas e se expande modificando o ambiente cada vez mais.

Dividido em quatro partes, os primeiros capítulos do livro são fluídos e conceituais para o leitor compreender o que são cada tipo de desastre e as características geográficas, sociais, políticas e econômicas da América do Sul, que interferem no planejamento e auxílio em casos de calamidades. Mesmo assim, é necessário conhecimento básico sobre geografia e sobre os principais desastres já ocorridos. Os últimos capítulos são mais densos em dados e análises, que relacionam os eventos com o número de pessoas afetadas, mortes e prejuízos econômicos. Porém, a pesquisadora destaca a necessidade de um banco de dados completo e padronizado na América do Sul. Segundo Lucí, falta consenso entre definições, e há questões políticas que mascararam os dados, as vezes exagerando para conseguir mais benefícios externos ou ocultando impactos das tragédias, principalmente durante o período de ditatorial nos países da região.

Entre os resultados, a geógrafa observou que 78,4% dos desastres naturais são de carácter hidrometeorológico e climático, ou seja, são secas, diferenças extremas de temperatura, inundações, incêndios, movimentos de massa seca ou úmida e tempestades. 14% são eventos geofísicos, como abalos sísmicos e vulcanismo e 7,5% são biológicos como epidemias. A pesquisadora aponta que houve um aumento de desastres naturais em todo o mundo, demonstrando a vulnerabilidade humana e o “distanciamento entre as conquistas científicas e tecnológicas dos reais problemas que afligem a sociedade”. E apesar das tragédias continuarem acontecendo, as sociedades devem se preparar para que as superações sejam mais rápidas.

O livro contribui para pesquisas na área, além de servir como base para futuras políticas públicas transnacionais. Quer saber mais sobre o tema? Confira esta resenha completa e outros artigos e reportagens na edição da revista eletrônica ComCiência, número 176, sobre “Desastres Naturais”.

Kátia Kishi para Caleidoscópio.

Veja também

Caleidoscópio: resenha do filme “Decisão de risco”

Caleidoscópio: resenha do filme “Decisão de risco”

  Você já reparou que os drones têm ganhado os céus das cidades pelo mundo? Também chamados de veículos aéreos não tripulados, essas tecnologias têm diversas finalidades. Mas elas têm sido amplamente utilizadas para fins militares. É possível ter um drone,...

Resenha da peça de teatro Galileu Galilei

Resenha da peça de teatro Galileu Galilei

“Infeliz é o povo que precisa de heróis”, afirma o personagem Galileu Galilei, personagem de Bertolt Brech na excelente montagem que está em cartaz até 10 de abril no Tuca, Teatro da Universidade Católica, em São Paulo. A frase famosa e muito oportuna no Brasil de...

Museu do amanhã

Museu do amanhã

  De onde viemos? Quem somos? Onde estamos? Para onde vamos? Como queremos ir? Essas cinco perguntas sempre foram feitas pela humanidade e agora servem para conduzir a visita do público ao Museu do Amanhã novo espaço de divulgação científica carioca. Nos espaços...

Exposição de Patrícia Piccinini

Exposição de Patrícia Piccinini

  Objetos que florescem, plantas que põem ovos, animais encarregados de tarefas humanas, máquinas que se emocionam. Criaturas híbridas. Esses são elementos do realismo fantástico de Patrícia Piccinini que podem ser visitados em São Paulo. É a primeira exposição...

Filme “Perdido em Marte”

Filme “Perdido em Marte”

  Um homem e os vastos horizontes do planeta vermelho. O cenário de Perdido em Marte é realmente bonito. Dirigido por Riddley Scott que fez Alien, Blade Runner e Prometheus, o filme tem recebido crítica bastante positiva e é uma boa pedida para quem gosta de...